Saturday, February 26, 2005

A proa que nunca pára

Koblenz, Alemanha


Esta é a proa, de terra feita, que eternamente assiste à união de dois dos grandes rios alemães: Reno e Mosela. Há proas assim... Quedam-se a assistir à união contrariando a natureza daquilo para que nasceram.


Friday, February 25, 2005

Teachers

I met a woman long ago
Her hair the black that black can go
Are you a teacher of the heart?
Soft she answered no


Leonard Cohen

Thursday, February 24, 2005

Emigrofobias

Em Agosto evito tirar férias, evito sair dos meus ciclos de vivência normal. Respiro devagarinho e com calma para não me enfastiar. Não tenho fobias de multidões mas tenho Emigrofobias. E uma emigrofobia é uma estirpe de fobia retroalimentada e com efeitos exponenciais. É também doença sazonal, para a qual não existe, ainda, vacina ou antídoto. É um asco: O asco dos novos dialectos, o asco das modas hediondas, o asco da extroversão básica e grosseira.
“Viem ici Jean Pierre, anda dar quatro besús à tua tia!”. Alguém me atura isto?! Já nos basta a aflição de um novo idioma com regras bem definidas... Que dizer agora de uma salgalhada que segue bitolas individuais!? É que nem o propósito básico de passar a mensagem consegue cumprir! Por um lado, o João Pedro apenas sabe que tem que ir ter com a mãe e que vai haver ali qualquer coisa que tem a ver com beijos, por outro, a desgraçada da tia fica na incerteza daquilo que vai receber, apenas sabe que será em número 4. “Besús?...quatro!... hum... devem ser presuntos”, presume ela.
Depois há a moda! Quatro beijos?! Haverá explicação para a razão dos 4 beijos? Será que os dois últimos é para atestar a veracidade dos dois primeiros ou pura e simplesmente para assegurar que o acto do beijar fica bem feito? Para mim os quatro beijos são a pura demonstração da radicalidade islâmica por aquelas bandas. Ainda a respeito de modas haveria muito por onde lhe pegar, daria para construir uma tese de um pós doutoramento em sociologia. Começaríamos pelos modos e acabaríamos nas modas do vestir e do aparentar, rematando com as estranhezas arquitectónicas a que os nossos “emigras” nos obrigam.
Dissequemos, para finalizar, a presunção das palavras “anda dar” na frase da mãe do João Pierre. Para eles até os beijos são dados, e quem dá é o maior do mundo! Não sabem que o cumprimento tem que ter reciprocidade, tem que ser algo consentido. Se a mãe do JP tivesse dito: “Viem ici Jean Pierre, vem cumprimentar a tua tia”, a tia do JP nem sequer ficaria iludida com a história dos presuntos e o cumprimento seria mútuo, muito mais sincero, sem decepções.
A atitude de alguns emigrantes (Ei, atencion, alguns heim!) anda ali algures num misto entre a ilusão de supremacia étnica e aquela postura ansiosa idêntica à de um prisioneiro no dia em que sai da cadeia ou de um cachorro quando o libertam das correntes. Chegam ansiosos, transformam-se em altivos, e regressam sequiosos para mais um ciclo anual em que o único ponto alto é mesmo (e sempre a mesma) a augusta quinzena em que podem exibir os carros e as músicas mais parolas da Europa.Ei, atencion! Si tu queres isto é só para alguns, heim... Porque outros há a quem lhes tiro o meu chapéu.

Tuesday, February 22, 2005

O Amor...

O amor é uma vela que bela vela ainda que à distância...

(1000 Euros para quem descobrir o amor)

Monday, February 21, 2005

Pensamento

Penso
Que pensam
Como eu,
Só não penso
Que sou eu,
Que penso
Como os demais.

Friday, February 18, 2005

Tenho medo, muito medo!

Tenho medo que um lapso de memória me atraiçoe o próximo dia 20 de Fevereiro. Tenho medo de acordar sem a capacidade de olhar para trás, sem a aptidão para, na minha (necessária) introspecção, ir lá bem ao passado retirar as bases e as ilações para a decisão do meu futuro. Tenho medo que a desatenção me tome em demasia a vigilância, porque “a experiência é o produto de um equilíbrio entre vigilância e desatenção” (Daniel Goleman). Tenho medo que as mentiras essenciais e as verdades manipuladas me diminuam a percepção a um ponto tal que me façam entrar, sem me aperceber, no mundo da ilusão a que muitos (os mesmos) me tentam. É que prefiro viver com uma ansiedade que seja minha e me faça sentir vivo do que com a cegueira colectiva prometida pelos outros (os mesmos). Tenho pouco medo de ser cego e muito de não querer ver - a cegueira psicológica é a que mais castra! Tenho medo de mim e medo dos outros, por mim e pelos outros. Medo das minhas e das suas memórias curtas, medo de que eu e eles entremos em alucinações colectivas, medo de que a partilha se faça à volta de uma ilusão alegre – patetice – quando a percepção da realidade é quem alicerça futuros. Tenho medo da nossa comunicação social e daqueles que (mais uma vez os mesmos) vão ao seu colo. Tenho medo, muito medo, dos que querem fazer (mais uma vez) do Estado a Santa Casa da Misericórdia, esquecendo-se de que num mundo de miseráveis não restará ninguém para ser misericordioso. Tenho medo de me quedar em diálogos (somente em diálogos) intermináveis quando o mundo ausente de conversas amenas avança a passos incomensuráveis. Tenho medo deste Portugal de cachecol e bandeirinha terceiro-mundista na mão. Tenho medo dos gritos ensaiados, dos slogans forçados e de toda a extroversão primária, rude, e animalesca. Tenho medo muito medo deste carnaval eleitoral. Tenho medo deste leque tão variado e rico de opções... rudimentares! Tenho medo que o esquecimento ataque a minha e as outras pessoas no dia 20 de Fevereiro, mas, se tal acontecer, e se a comunicação social nos continuar a boicotar a premissa básica para a sobrevivência da democracia – “informação suficiente” (Aldous Huxley) e exacta (Kid A) – espero, pelo menos, lembrar-me que a pureza se veste de Branco. Tenho medo mas essa será a dica que atentará o meu cérebro quando chegar o momento em que, firme, deveria fazer uma cruz.
Tenho medo muito medo e que este meu medo me seja perdoado ”porque metade de mim é amor e a outra metade...também!” (Osvaldo Montenegro).

Thursday, February 17, 2005

...

Debate

Sócrates - Vou mexer aqui e ali, onde for preciso! Não sei é muito bem o que é quer dizer “mexer”, “aqui”, “ali” e “ser preciso”.
J. Sousa - A garganta não me deixa dizer o que não tenho para (nem sei) dizer.
Louçã - Digo tudo o que me apetecer porque vocês nunca me darão a oportunidade para me desdizer.
Portas - E digo, e digo, e digo, e digo, e digo...
Santana - Santana tá cansado, tá cansado!

Ele há debates assim...


Benfica

Diz “Trapanhone” que os jogadores do Benfica estão a jogar com mais personalidade...

E jogar com mais força nas canetas, não é preciso?

Wednesday, February 16, 2005

O GPS e o processo por difamação

Apesar de as auto-estradas alemãs serem consideravelmente melhores que as portuguesas, e não olhando ao facto de não serem pagas directamente pelos utentes, e não tendo em conta que são formadas quase sempre por três faixas de rodagem em cada sentido, e não considerando que são controladas por placas e sinais electrónicos que apresentam as regras de trânsito sempre de acordo com as condições climatéricas, há que dizer que é uma grande complicação encontrar um destino, seja ele qualquer, na imensidão alemã. Só um bom sistema de GPS nos poderá guiar!
O sistema de GPS, montado em grande parte dos carros alemães de gama média-alta, é a única orientação válida e eficaz para nos fazer alcançar uma localização no meio do tudo. É bastante complicado lidar com este sistema, é verdade, mas depois de me aperceber que Bertimmungsort era para inserir o destino e que Auserwählt significava seleccionar a opção e que Weg era a indicação da rota, as coisas até se tornam relativamente claras para um qualquer português. Claro que se tivesse entendido, com a devida antecedência, que Sprache queria dizer idioma, tudo ficava facilitado logo de começo: Auserwählt o Sprache português e depois era só inserir o Bertimmungsort que o sistema calculava-me a Weg.
A história não se resumiu à simplicidade do último parágrafo, pois, primeiro que conseguisse pôr o GPS a dizer qualquer coisinha foi o cabo dos trabalhos! Como bom português não consultei o manual de instruções, propositadamente deixado no porta-luvas, e fui carregando nos inúmeros botões do sistema até o conseguir pôr a falar. Foi difícil mas depois de apertar um pouco com o espertalhão ele lá se descaiu e começou a bocejar uns palavrões em alemão. Socorri-me pois do Auserwählt para seleccionar o primeiro idioma que me apareceu à mão. Foi o inglês. Comecei a ouvir uma voz de mulher a dizer-me turn rigth, turn left e por aí adiante. Vi naquela voz uma mulher de 50 anos, olhos azuis mas estrábicos, cara rosada mesmo sem pinga de álcool, obesa quanto baste, com alguns problemas na área das matemáticas porque as indicações de próximo cruzamento a 100 metros nunca acertavam bem nos 100 metros. Era sempre mais ou menos, mas nunca 100 metros. Mudei pois para o meu idioma, o meu português. Foi aí que decidi iniciar este processo por difamação. “Vire à di-rei-ta!”. Não é que me meteram uma velhinha a dar as instruções em português! Uma velhinha acabada com muito mais de 100 anos, sem convicção alguma, doença de parkinson, voz trémula e acompanhada de um respirar asmático! A morrer, diria, se aquela voz não estivesse ali gravada para a eternidade. Esta foi a forma mais encapsulada que alguma vez vi de difamação das mulheres portuguesas! Proponho, pois, um “abaixo assinado”, uma manifestação às portas do Parlamento Europeu. São estas pequenas coisas que deixam de rastos o turismo em Portugal. Ninguém nos virá visitar ao ouvir uma voz que desperta, apenas, dó!
O GPS em italiano, isso sim, é personalidade é convicção, quase que apetece conduzir de olhos fechados, mudar de rota, entrar... entrar... entrar Itália adentro. É uma morena de 25 anos, tenho a certeza. Nariz empinado, bem torneada, cabelos pretos que até fazem doer, olhos delicadamente rasgados e que rasgam quem os ousa encarar, lábios grandes lábios a lápis sublinhados! Uma mulher que sabe aquilo que quer e não quer outra coisa senão aquilo que sabe. Uma presença para quem os decotes são supérfluos como são supérfluas todas as extravagâncias. A sua existência, enquanto entidade separada de tudo o resto, é lhe quanto baste. Dá gosto ouvir aquela voz! Pois é meus amigos, até no GPS somos discriminados. São lixados estes alemães!

Monday, February 14, 2005

Admito?

Não me admito!
Repito,
Não me admito!
Replico,
Não me admito!
Complico,
O que admito.
Vomito,
O que não admito.
Admito,
Que alguém admita.

Friday, February 11, 2005

Inconsciência Comum

Koln, Alemanha

Esta foi uma visão do interior da catedral de Colónia ou um acesso aos antípodas da mente? Sem quaisquer aditivos, mescalina ou ácido lisérgico, sem hipnose, sem a indução do dióxido de carbono, sem coisa alguma, ali, naquele interior, todas as correntes redutoras do cérebro se quebraram. Uma catedral assim submersa é, sem dúvida, um acesso à inconsciência comum, não é assim caro Huxley?

Wednesday, February 09, 2005

Psicocromia do porteiro de discoteca

O psico aparece neste título porque pretendo, com o documento, fazer uma breve análise dos poucos impulsos que raramente disparam entre os neurónios, também eles raros, dos inúmeros porteiros de discoteca deste país à beira mar plantado. O cromia quero que venha, e só neste texto, da palavra “cromo”, como uma representação de um desenho impresso a cores, a duas cores, diga-se, preto e branco. Juntando as duas palavras obtemos uma terceira e esta não desejo que dure mais do que este efémero papel: Psicocromia. O porteiro aparece como o objecto a analisar e a discoteca como o habitat onde o objecto analisado vive ou sobrevive.
Esgotei-me ao tentar entender estes senhores. Tentei perceber o extraordinário mecanismo que os leva a decidir sobre quem deve ou não entrar numa discoteca. Quase que desisti! Há ali um qualquer algoritmo de génio, um processamento demasiado rápido para que possa ser analisado por alguém sem a mínima preparação científica para o fazer. Mas que ciência poderia eu usar na aproximação às minhas cobaias? Que conjunto de conhecimentos baseados em princípios certos precisaria eu de reunir para que pudesse inferir novo conhecimento?
Digo-vos que até foi simples. Apenas necessitei de encher uns cartões de vodka. O resto consegui-o com a experiência e a experiência consegui-a com o resto. Porque já os analiso há algum tempo, atrevo-me a deixar-vos o conjunto de itens que compõem a minha singela teoria. Chamemos-lhe de o conjunto de medidas que facilitam os cérebros dos senhores porteiros a darem um impulso positivo.
Primeiro: Comprem um relógio grande e luzidio, este artefacto pode fazer a diferença quando tentarem entrar numa discoteca. Atenção! Se não levarem relógio não se esqueçam de dar aquele jeito ao pulso com a mão meia descaída para que pensem que existe algo por debaixo das mangas de um casaco que nem precisa de ser de peles. É limpinho! Até o mais atento dos porteiros se intimida com o gesto, chamemos-lhe, do relógio.
Segundo: Tragam alguma etiqueta na roupa. Não precisa de ser Benetton. Inventem, vá lá! Podem mandar bordar, por exemplo, Benuron - para não pagarem direitos de patente - numa camisola que não necessita de ser pura lá. Também já o fiz. Resulta! Eles olham de relance, começam a ler a etiqueta mas não a lêem até ao fim – é que arrancar um cartão e ler ao mesmo tempo torna-se difícil -. O importante é que soe a estrangeiro. Berbigão é também uma boa variante.
Terceiro: Mostrar segurança. A melhor estratégia é chegarem à porta da discoteca em diálogo aceso com o colega que vos acompanha. Digam qualquer coisa em francês ou em inglês, não precisa de fazer sentido, aliás, podem estar a falar, por exemplo, de uma receita para um cozinhado. Quando chegarem à parte em que querem dizer que o arroz tem que estar aguado, não o digam arroz em português. Aí tramam-se logo! Digam Rice, “The rice tem que estar aguado”. Certo? Têm logo um cartão a metade do consumo obrigatório nas mãos.
Quarto: Se tiverem o azar de chegarem sozinhos à porta não se deixem intimidar. É tudo uma questão psicológica. Vejamos… Imaginem, por exemplo, o porteiro de cócoras num qualquer consultório médico a fazer um check-up que também pode ser qualquer. Esta, sou incapaz de explicar, só sei que resulta… Ouvi dizer que cai nos meandros da telepatia.
Quinto: Se nenhuma das anteriores resultou, e se não têm uma loira por perto para se colarem, não desesperem. No momento em que o porteiro vos olhar nos olhos com aquela expressão de quem vos vai mandar passear façam aquela cara de espanto e digam: “Aceitam cartão de crédito?”. Ou, a versão mais in: “A casa aceita Master card?”. Atenção, esta só deve ser usada em último recurso. É que estes senhores só costumam trabalhar com dinheiro vivo.
Sexto: Boa sorte!

Para concluir esta minha teoria resta-me dizer-vos que ela é dirigida mais aos portões que aos porteiros. É que no meio da população porteiros, há sempre os que briosamente desempenham o seu trabalho e todos os outros. Esses outros, há quem rascunhe melhor do que isto que pintei.

Monday, February 07, 2005

Sabedoria Popular

À noite todos os gajos são parvos!

Sunday, February 06, 2005

Para ti

Sim...
Não penso em mim,
Penso somente em ti.
E foi assim que me perdi
Só por pensar em ti,
Só por pensar em ti.
Para ti ...

Saturday, February 05, 2005

Peanuts

Heidelberg, Alemanha

No Vetter pode beber-se, entre outras, uma cerveja Vetter feita nos alambiques de cobre que no seu interior se misturam com os clientes. 33% do seu líquido é álcool! É um daqueles bares onde pedimos Peanuts e eles, por mero lapso, podem trazer-nos uma Guiness.

Friday, February 04, 2005

Em nome da rua

Não sei de quem foi a infeliz ideia de dar nomes de pessoas às ruas do nosso Portugal. Uma rua é uma rua, não é uma pessoa. Ficaria muito chateado se alguém se lembrasse de associar o meu nome ao nome de um lugar ou de uma rua. Lugar da Lage (Guimarães) ainda vá que não vá, a laje não é um objecto efémero e sempre existiu no lugar antes mesmo de este o ser. Rua do Pontelhão também é aceitável, o pontelhão pode dar lugar a uma ponte desproporcional mas todas as pontes se transformam em pontelhões com a evolução dos tempos. Rua do crime (Faro) quando um crime é realmente cometido com o propósito de dar nome à rua é, também, bastante razoável. Rua dos Mártires da Liberdade (Porto) não deixa de ser um nome apropriado para uma rua mesmo que, na altura, os candidatos a mártires não soubessem muito bem ao que se candidatavam.
Problemático é dar nomes de pessoas às rua. Imagine-se, por exemplo, uma rua Doutor Mário Soares, é ridículo! Primeiro as ruas nada têm a ver com títulos académicos, segundo, para os contemporâneos do homem que usa um nome destes, a rua, por mais estreita e arejada que seja, fica com um aspecto obeso. Aeroporto Sá Carneiro. Irra, há pessoas que gostam de brincar com a tragédia!
Se não têm criatividade suficiente para dar nomes de ruas às ruas, e os nomes de pessoas são a única alternativa, então usem nomes de pessoas incógnitas. Eu sei que não há nada pior do que passar incógnito pela vida, mas as ruas, ignotas em toda a sua extensão, existem apenas para dar passagem e abrigo a milhares de incógnitos. Vejamos, por exemplo, uma rua António da Silva, não provoca mal estar nenhum. Manuel de Sousa é igualmente consensual. Francisco Pereira também não me provoca vómitos, agora, uma rua Francisco Louçã, ou Jerónimo de Sousa, ou Paulo Portas, José Sócrates ou Santana Lopes, é uma forma sinistra de azeitarmos uma rua que até poderia ter um nome decente.
Principalmente, não usem nomes de pessoas vivas no baptismo das nossas ruas. Imaginem uma Rua Carlos Cruz, Vale e Azevedo ou, uma rua Fátima Felgueiras! Não brinquem com as ruas e principalmente com os seus habitantes. É que uma pessoa pode perder toda a credibilidade num notário, numa repartição de finanças ou numa qualquer instituição de crédito...
- “Morada?” - Argui o paciente do lado de lá do balcão.
- “Rua...” – Diz o cidadão reticente.
- “Sim, vá lá!” – Continua o paciente impaciente. – “Vá que eu não tenho tempo a perder!” -. E o cidadão honesto e cumpridor lá termina a frase, sabendo desde logo que o nome que dá nome à sua rua o colocará ainda mais numa posição submissa e que todos os seus intentos cairão por terra após a sua citação: - “Carlos Cruz... Rua Carlos Cruz, segundo direito.” – O cochicho inicia do lado de lá do balcão imediatamente após o pronunciar do nome da rua e segundos antes de se ouvir um redundante não: - “Não! Não lhe poderemos satisfazer o pedido!” . Uma rua nunca poderá (ou deveria) ser virada totalmente do avesso sem a ausência da força de um terramoto, assim, e na esperança de estar a contribuir positivamente para o bem estar nas ruas do nosso Portugal, deixo a seguinte estratégia aos “Joões Baptistas”: Virem os nomes das ruas do avesso ao invés de virarem do avesso a vida das pessoas que nela, dela, e para ela vivem. Com um nome do avesso conseguem um encaixe muito melhor e a vossa falsa missão de benemeritizar fica brilhantemente cumprida. Imaginem uma rua Zurc Solrac, ou, Odeveza e Elav ou, Sarieuglef Amitáf.

Tuesday, February 01, 2005

Lotaria Nacional II


Podes ter os cabelos de qualquer cor, desde que sejam pretos.
Henry Ford